Criatividade - Quando e Como

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Quando usamos a criatividade?


Normalmente associamos criatividade aos grandes casos de esforço mental ou em que foram geradas soluções valiosas, Mas não encontrei  bibliografia  que define até em que ponto o processo criativo, ideia e resultado final podem ser pequenos.

Pessoalmente acredito que não existe um mínimo para um processo mental ser considerado como criatividade. É um conceito que vai do zero ao infinito, e estamos utilizando-o constantemente no dia-a-dia.

Utilizamos nossa capacidade criativa constantemente, sem ao menos nos dar conta.
São tarefas aparentemente banais e corriqueiras, como escrever uma mensagem ou fazer uma piada [daquelas espontâneas, não piada pronta] ou talvez um pouco mais óbvias, como ao colocar um porta-copo [ou bolacha] em baixo do pé de uma mesa de bar bamba.

Você passa por todas as etapas do processo criativo [ou a maioria delas] tão rápido que nem percebe, simplesmente resolve o problema com o que encontra ao seu alcance.


E digo literalmente ao alcance. À distância de um braço.

Isso porque, sem perceber, uma das variáveis que você levou em conta é que este é um problema menor, e não valia a pena esforço maior do que esse.

A ideia pode não ser nova, única, mas você combinou diferentes elementos para solucionar um problema.

Por isso é difícil dizermos quando usamos e quando não usamos a criatividade.


Como a criatividade funciona?


Segundo Flieger (1978), "manipulamos símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum para nós ou para nosso meio".

Por símbolos ou objetos, entendam pedaços de informação ou partes de um conceito.

Entendo que o conceito de criatividade consiste na capacidade de abstrair modelar e conectar informações diferentes, de “caixas diferentes”.

Segue uma coletânea de diferentes propostas do funcionamento da criatividade:

As quatro etapas

[Retirada de uma matéria da Super Interessante:  [http://super.abril.com.br/ciencia/como-nascem-as-ideias/]]
Para entender o processo criativo dentro da mente, muitos especialistas ainda usam a clássica divisão em fases: preparação, incubação, iluminação e verificação.

  1. A preparação, envolve a reflexão sobre o problema e os elementos que são relevantes. É o período em que a mente acumula informações.

  1. Segue-se um período de pausa, em que você deixa de focar conscientemente os dados disponíveis, já que não encontra nenhuma solução satisfatória. Sua mente, porém, continua trabalhando e passa a criar conexões entre elementos aparentemente díspares.

  1. Vem o momento do “Eureca!”, o ponto máximo da inspiração, quando você enxerga a saída possível para o seu problema, a partir de uma composição de informações completamente original.

  1. Por fim, há a fase da verificação, ou seja, o momento de trabalhar e lapidar a nova ideia e checar se ela funciona.

Hoje, sabe-se que essas fases não se sucedem de modo linear, mas sim que interagem entre si de forma bem complexa.

A inspiração, por exemplo, está presente em todo o processo criativo. Não existe um momento mágico nem na gênese do projeto nem no final da produção. “Foi-se o tempo de acreditar que as idéias geniais aparecem de repente na mente de indivíduos privilegiados e que basta concretizá-las”, diz Cecília Almeida Salles, da PUC de São Paulo, também especialista em crítica genética.

“A criação é resultado de trabalho. As idéias vão ganhando forma aos poucos. Há desvios ao longo do processo e também a interferência do acaso – um telefonema, por exemplo, pode sugerir a um escritor uma frase.”


Os cinco passos do processo criativo


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1- Preparação
Um problema é apresentado. Uma folha em branco, um problema artístico, um novo empreendimento para começar a se pensar.

2- Incubação
O problema é mantido no cérebro enquanto o cérebro procura por soluções passivamente.

3- Iluminação
Uma epifania ocorre, uma nova solução para o problema que estava adormecida no cérebro.

4- Avaliação
A nova ideia é avaliada por sua factibilidade, se sua execução traria resultados.

5- Implementação
A ideia vai de pensamento para ação, de desenhada para concreta.

Proposta com criatividade coletiva

[https://pt.wikipedia.org/wiki/Criatividade]

Durante o processo criativo, frequentemente distinguem-se os seguintes estágios:

Percepção do problema
É o primeiro passo no processo criativo e envolve o "sentir" do problema ou desafio.

Teorização do problema
Depois da observação do problema, o próximo passo é convertê-lo em um modelo teórico ou mental.

Considerar/ver a solução
Este passo caracteriza-se geralmente pelo súbito insight da solução; é o impacto do tipo "eureka!". Muitos destes momentos surgem após o estudo exaustivo do problema.

Produzir a solução
A última fase é converter a idéia mental em idéia prática. É considerada a parte mais difícil, no estilo "1% de inspiração e 99% de transpiração".

Produzir a solução em equipe
Fase comum que ocorre nas empresas e organizações quando precisam, tanto diagnosticar ou superar um problema quanto otimizar ou inovar produtos, serviços e processos. Ancoram-se, para tal dinâmica, no conhecido sistema do brainstorming.

Observação, abstração, síntese


Observação é quando a rede neural original é criada no seu cérebro. Uma ideia é basicamente a combinação de circuitos no seu cérebro. Ao pensar em um círculo vermelho você ativa os circuitos relativos a ‘círculo’ e outros relativos a ‘vermelho’ e os combina para ter uma imagem mental.

Abstração é fazer as ideias chegarem a uma forma utilizável. Por exemplo: posso observar meu computador que está quente e um ventilador que resfria meu quarto. Abstrair é ficar apenas com o essencial ‘ventilador resfria as coisas’ e deixar todo o resto de lado [como ventiladores ficam no teto, ou ventiladores são grandes]

Síntese é onde as diferentes abstrações são combinadas. No exemplo pegamos um ventilador pequeno e o colocamos dentro do computador.

Então o truque para combinar ideias é:
  • Ter muitas ideias para combinar [motivo pelo qual conhecimentos específicos e habilidades são tão importantes para criatividade].
  • Saber quais partes das ideias a serem mantidas e quais dispensar [mais complicado do que parece, por causa de um monte de suposições que vêm junto… Já citei a suposição ‘ventiladores são grandes’, o que facilmente impediria alguém de pensar em um ventilador para computador]
  • Combinar diferentes ideias de forma única e efetiva



Notem que todos esses modelos têm uma essência em comum: deve-se observar o problema sob todos os ângulos possíveis para melhor entendê-lo, seu contexto, suas diferentes partes, funcionamento e relação com outras partes; utilizar de seu próprio repertório para formar diferentes arranjos, combinações e variações de ideias e conceitos em busca de possíveis soluções; e finalmente implementação e avaliação [mesmo que mentais].

Este processo pode ser espontâneo, rápido [quase instantâneo, na verdade] e simples ou forçado, lento e metódico [explico em um texto futuro]


É importante manter-se sempre aberto às possibilidades e atento a quaisquer pensamentos que lhe passem pela cabeça.


Nunca se sabe da onde virá o próximo insight.


O nosso cérebro é um só, portanto toda informação que ali entra pode se conectar à qualquer outra.


Por isso muitas vezes uma vez iniciado o processo criativo para algo específico, os problemas novos e antigos se misturam, e às vezes acontece de ao pensarmos em uma possível solução para determinado problema, temos a ideia para resolver outro!

Ou seja, você estava guiando e direcionando o processo criativo para algo em específico, mas como não temos total controle sobre nossos processos mentais, o resultado foi para outro. [lembra da parte que dissemos que as etapas se relacionam de forma complexa e não linear?]

Improviso é criatividade!

Voltando ao exemplo no início do artigo, agora podemos afirmar que improvisação é criativa.

Rappers de improviso costumam ir muito bem em testes de criatividade. Porque?

Este processo de improvisação de letras de música é basicamente uma associação forçada: palavras [aleatórias ou não] são selecionadas, então deve-se preencher o espaço entre elas com conteúdo, uma frase que conecte as duas palavras de alguma forma. [https://www.youtube.com/watch?v=g-YScywp6AU]

Pequenas ideias também são criativas, e podem ser um bom exercício para aumentar nossa capacidade criativa.

Mas podem ficar tranquilos que vou falar mais detalhadamente sobre isso em um post futuro


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